A data de hoje, 28 de janeiro, é marcada pelo Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil, a data foi criada em 2009 em memória aos três auditores fiscais de trabalho, Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, que foram assassinados em 28 de janeiro de 2004 durante inspeção para apurar denúncias de trabalho escravo em fazendas da região de Unaí (MG), episódio que ficou conhecido como Chacina de Unaí.
O termo “Trabalho Escravo contemporâneo” remete á época escravagista no Brasil, porém possui características especificas que o define hoje. De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, os elementos que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo são: condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida, havendo uma dessas situações já se configuram trabalho análogo à escravidão.
A abolição da escravatura foi assumida em 1888 com a assinatura da Lei Áurea, no entanto, essa violência ainda persiste no Brasil em diversos setores rurais e urbanos da nossa sociedade moderna. De 2016 a 2018, foram resgatados no país 2. 570 trabalhadores em situação análoga à escravidão, destes, 82% são negros. A cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão nesse período, quatro são negros e 40% do total são nascidos na região Nordeste segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho/ Ministério da Economia.
No Piauí, só no ano passado foram resgatados 105 trabalhadores de acordo com os dados do MPT-PI, 55 trabalhadores nas áreas de preparo do solo na região de Bom Jesus, 25 na colheita da palha da carnaúba em São João da Serra, 14 em carvoaria em São José do peixe e 11 em pedreira na cidade de Santa Cruz do Piauí.
A Comissão Pastoral da Terra- PI faz parte da Campanha Nacional “De Olho Aberto Para Não Virar Escravo” e realiza medidas de prevenção com comunidades e juventudes vulneráveis ou e risco de aliciamento. Nosso trabalho atua na prevenção, na formação cidadã, na busca de alternativas de permanência na Terra que evitem a migração forçada e na busca de um mundo mais digno onde a vida seja, de fato, respeitada.