Serão as jovens e os jovens que permanecerão no campo dando continuidade a lutas de seus ancestrais e farão a diferença na história. A pluralidade das juventudes darão o tom do 1° Encontro Nacional das Juventudes do Cerrado.
Fonte: Coletivo de Comunicação do Cerrado)
Mais de cem jovens, vindos de todos os estados do bioma Cerrado, participam do 1º Encontro Nacional das Juventudes do Cerrado, que acontece entre os dias 14 e 16 de dezembro, em Hidrolândia (GO). O encontro é uma realização da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e tem como objetivo articular e valorizar os saberes dessas juventudes.
Juventude Guarani Kaiowá, da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais, Quebradeira de Coco, Sem Terra, Atingida por Barragens, Acampada, Assentada, Quilombola. Do Campo e da Cidade. Juventudes no plural porque essas jovens e esses jovens representam toda a diversidade e riqueza cultural presente no Cerrado. Os sonhos, as lutas e os desafios que enfrentam também são plurais.
O fechamento das escolas do campo, a saída do/a jovem do campo e o preconceito em relação à juventude (mito de que jovem não quer nada com a vida, não se importa com o que passa em sua comunidade) e a formação política são temas transversais – que perpassa por toda a programação do evento.
Durante o processo de mobilização para o encontro, as e os jovens ajudaram na construção desse momento e definiram temas que são fundamentais para as juventudes que estão no campo e na cidade: a memória da luta no fortalecimento da identidade dos povos e comunidades; a produção e a comercialização no campo; a comunicação popular; gênero e sexualidade; as águas do Cerrado; e feminismo.
“Se a gente luta por territórios livres, como que teremos um território livre se as mulheres não têm seus corpos livres?”, questiona Emília Carla, do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom) e da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais.
Campanha
A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado surge a partir das demandas apresentadas pelos povos e comunidades do Cerrado. Seus principais objetivos são pautar e conscientizar a sociedade – nacional e internacional –, sobre a importância do Cerrado e os impactos dos grandes projetos do agronegócio, da mineração e de infraestrutura no bioma e para os povos que ali vivem. Além de dar visibilidade à realidade das comunidades e povos do Cerrado, como representantes da sociobiodiversidade, conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural dessa região.
Depois de dois anos de atuação, a Campanha já reúne cerca de 50 organizações, movimentos sociais e pastorais de atuação nacional e internacional. Hoje, uma das ações que a Campanha é a petição que exige da Câmara dos Deputados a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010 que reconhece o Cerrado e a Caatinga como Patrimônio Nacional. Veja mais sobre a petição aqui.
O ator Irandhir Santos, um dos apoiadores da Campanha do Cerrado, acredita que o bioma possui uma importância estratégica para o país. “Nos últimos anos, ações devastadoras veem atingindo o bioma Cerrado, o povo do Cerrado, a comunidade do Cerrado. O Cerrado que é o maior berço aquífero desse país. É praticamente a caixa d’água do Brasil”.