Os registros de conflitos no campo são realizado pela CPT em todos o território nacional, esses registros trazem uma amostra das violências, abusos, ameaças e assassinatos que os trabalhadores e trabalhadoras do campo sofrem ao defenderem seus territórios e seus direitos.
Por CPT Nacional
No dia 18 de abril, próxima segunda-feira, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançará sua publicação anual, Conflitos no Campo Brasil 2021. É a 36ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.
Após dois anos, o lançamento volta a ser feito de forma presencial, a partir das 9h30 (horário de Brasília), na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. A atividade será transmitida pela página da CPT Nacional no Facebook e no canal do Youtube. O lançamento terá a participação do presidente da CPT, Dom José Ionilton, de Andréia Silvério, da coordenação executiva nacional da CPT, de Guilherme Delgado, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), de Dom Joel Amado, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de Geovane da Silva Santos, pai do garoto Jonatas, morto a tiros em 10 de fevereiro na Zona da Mata de Pernambuco, e Jaque Kuñangue Aty, indígena Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul.
Aumento de 75% nos assassinatos, mais de 1.000% nas mortes em consequência de conflitos, dois massacres e aumento de trabalho escravo no campo marcaram o ano de 2021
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De acordo com os dados do Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT), foram registrados 35 assassinatos em conflitos no campo no ano de 2021. Um aumento de 75% em relação a 2020, quando foram registrados 20* assassinatos. Desse total, 11 assassinatos, praticamente um terço, foram no estado de Rondônia, onde ocorreu, também, um massacre no mês de agosto, com três vítimas. Outro massacre foi registrado na região alta do rio Apiauí, em Mucajaí, sul de Roraima, com a morte de três indígenas Moxihatëtëa, que pertencem a um subgrupo Yanomami de denominação Yawaripë.
Conforme tendência demonstrada nos dados parciais divulgados em dezembro passado pela CPT, em 2021 houve um aumento de 1.100% nas mortes em consequência de conflitos no campo. Das 109 mortes registradas em 2021, contra 09 registradas em 2020, 101 ocorreram no território Yanomami, em Roraima, em decorrência da ação de garimpeiros. Além disso, outras violências como Trabalho Escravo tiveram aumento em 2021. O número de resgatados dessa prática mais que dobrou no campo no último ano. Os casos aumentaram 76%.
*Na publicação “Conflitos no Campo Brasil 2020”, lançada em maio de 2021, a tabela de assassinatos trouxe um total de 18 assassinatos. Após a publicação ser lançada, o Cedoc da CPT recebeu a informação de mais 2 assassinatos no estado do Amazonas, que foram atualizados no banco de dados e, por isso, aqui trazemos um total de 20 assassinatos em conflitos no campo no ano de 2020.