O território Brejo do Miguel, localizado na zona rural do município de Gilbués, cerca de 200km de Bom Jesus,  foi invadido por grileiros, dia 24 de julho de 2022.

Quarta feira, por volta das 16h,  cerca de seis homens, a mando do senhor conhecido por “Seu Zé”, invadiram o território Brejo do Miguel com máquinas pesadas, inclusive com uso de correntão e armados, desmatando e amedrontando as famílias da comunidade.

O desmatamento foi realizado como um projeto de pastagem e o senhor Rafael Croti, da fazenda São Domingos, municipio de Gilbués é o responsável pela solicitação do dematamento. Questionados pela população do território, os operadores das máquinas apresentaram  documentação de licença ambiental expedida pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos -SEMAR  onde pode ser verificada as informações apresentadas.

“Nós estávamos aqui, quando passaram uns invasores com tratores grandes para as nossas áreas de terras” Adailton Batista, morador do território tradicional ribeirinho brejeiro Brejo do Miguel.

A comunidade tradicional Brejo do Miguel habita no território há gerações, cuidando  cultivando a terra, preservando o meio ambiente e  seus modos de vidas.

No mesmo dia, os mesmos operadores saíram do território Brejo do Miguel se dirigindo ao território Cabeceira do rio, esse território fica às margens das nascentes do rio Uruçuí Preto importante afluente do rio Parnaíba. As máquinas se colocaram próximas às nascentes e também com o uso de correntão desmataram uma grande área. O senhor João Henrique membro do coletivo de comunidades do cerrado, acompanhou o desmatamento  registrando imagens do crime cometido pela fazenda e fala sobre a rapidez que é realizada o desmatamento “eles saíram do Brejo do Miguel e agora estão na Cabeceira do rio, não tem uma hora  de relógio que eles estão ai, e já derrubaram tudo isso, eu ouvi falar que vão derrubar 100ha, amanhã essahora já está tudo derrubado.”

A prática  do correntão acontece quando dois tratores amarram a ponta de uma corrente em cada máquina e dirigem na mesma direção, a corrente entre elas arrasta toda a flora e fauna existente no local, nesse tipo de desmatamento grandes áreas são desmatadas em pouco tempo, apenas horas para o desastre ambiental ter sido realizado.

Diante disso, os moradores dos territórios Brejo do Miguel e Cabeceira do rio se dirigiram a Comissão Pastoral da Terra para que junto com eles, o coletivo de comunidade do cerrado e a diocese de Bom Jesus, recorressem aos órgão competentes como a SEMAR, O INTERPI, entre outros os meios legais para a manutenção da posse das famílias que lá residem, evitando assim, o derramamento de sangue, de violências e violações de direitos.

Registro realizado pela comunidade do momento do desmatamento:

Conflito no campo- desmatamento ilegal no território tradicional Brejo do Miguel

Conflito no campo- desmatamento ilegal no território tradicional Brejo do Miguel

 

 

 

 

Licença Ambiental expedida pela Semar apresentada durante a invasão e desmatamento do território