Xô mineração deixe em paz a nossa vida, aqui é nosso chão! ... Não estamos sozinhos, há muita força junto a nós, respeite nossos direitos, somos gente, temos voz! Por isso vá simbora, deixe de perseguição. A união faz a força que nos dá sustentação.
“Comunidades rurais e quilombolas contra os grandes projetos: Transnordestina, Mineração e Energia Eólica no Piauí” é o título do Boletim da Nova Cartografia Social dos povos e comunidades do Piauí.
O Boletim é uma resposta a demanda da Comissão Intercomunitária das Comunidades Impactadas pela Mineração no município de Curral Novo-PI solicitada à Cartografia Social da Amazônia ainda em 2020. Ele aborda os conflitos ocasionados pela implementação dos projetos já citados nos municípios de Curral Novo, Simões e Paulistana, região do semiárido do Piauí.
Medo, poluição sonora causada pelas turbinas dos parques eólicos, ameaças, expulsões, a poluição das águas, a morte de animais, aumento de doenças e até mesmo morte de pessoas devido a preocupação de como seriam suas vidas depois da implementação desses projetos na região. Esses são alguns dos impactos relatados pelos moradores das comunidades que participaram da construção do Boletim.
Mesmo diante de tantos relatos desses impactos a organização das comunidades se fortaleceu e conseguiu uma pausa no avanço de alguns projetos e elas seguem firmes no enfrentamento e na resistência. “A gente vem se fortalecendo, faz parte da Comissão, fazemos encontros e hoje temos outra visão sobre nossos direitos. Eles não vão mais nos amedrontar, porque a gente vai atrás dos nossos direitos…Aqui é nosso lugar, nosso chão!” afirma Fabiana, comunidade lagoa do Ovo, Curral Novo do Piauí.
Cerca de 200 trabalhadoras e trabalhadores impactados por esses projetos na região estiveram presentes durante o lançamento do Boletim que ocorreu no povoado Baixio dos Belos, município de Curral Novo-PI, no dia 01 de abril. O bispo da diocese de Picos, Dom Plínio presidiu a celebração eucarística de abertura do evento. Estiveram presentes ainda representantes da Secretaria estadual da Agricultura, assessoria do deputado Francisco Lima.
Esse Boletim Informativo é uma parceria da Comissão Pastoral da Terra no Piauí com o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, Universidade Federal do Piauí, Universidade Estadual do Maranhão e Fastenopfer.
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Histórico da Comissão Intercomunitária
A Comissão Pastoral da Terra (CPT Piauí) nos municípios de Simões, Curral Novo e Paulistana ainda no ano de 2015 acompanha algumas comunidades rurais e realiza a “Missão na região afetada pelos projetos da Mineração e Ferrovia Transnordestina” . A partir daí outros momentos de formação e resistências das comunidades foram marcantes nesse trabalho de organização como: a Missão a “Missão das Comunidades”, durante os dias 17 a 19 de junho de 2016, em Curral Novo do Piauí, organizada pela CPT- Regional Piauí, Conferencia dos Religiosos do Brasil, Pastoral da Juventude e Rede Um Grito Pela Vida, com o apoio e incentivo da Diocese de Picos, na pessoa do Bispo Diocesano Dom Plínio José. Durante a missão foram visitadas dezenas de famílias que se encontram na zona do minério de ferro, transnordestina e campo eólico.
Em 2017 a Comissão intercomunitária das Comunidades Impactadas pela Mineração foi criada para que juntas as famílias e comunidades pudessem amplificar sua luta, discutir as demandas e estratégias de enfrentamento aos grandes projetos. Formada por trabalhadores rurais, e quilombolas representantes de 12 comunidades impactadas pela mineração, transnordestina e parque eólico, são elas: Lagoa do Ovo, Baixio dos Belos, Monte Santo, Garapa, Palestina, Caldeirãozinho, Alvação, Manga Velha, Sã José, Juá, Riacho e Caititu localizado nos municípios de Curral Novo do Piauí, Simões e Paulistana.
Com as comunidades organizadas e a discussão sobre os grandes projetos na região sendo prioridade, nos dias 14 e 15 de julho de 2018, na cidade de Paulistana a 14ª Romaria da Terra e da Água do Piauí com o tema: “Defender a natureza e o Direito dos Pobres” e o lema: “Para que todos tenham vida” (Jo 10, 10).
Como proposta da 14º Romaria da Terra e da Água do Piauí surge o GT da Romaria, um grupode trabalho formado por representantes do estado, organizações e movimentos sociais para executar as demandas vindas das comunidades durante a Romaria.
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