O Piauí é o quinto estado com maior número de trabalhadores resgatados do trabalho escravo no país.
A Comissão pastoral da Terra – CPT divulga os dados de conflitos no campo do Piaui no próximo dia 26 de abril, sexta-feira, às 18h no Centro Guadalupe, rua Dr. Arêa Leão, 1940, Vila Operária, Teresina-PI.
A CPT registrou no estado do Piauí, em 2023, um total de 33 conflitos no campo, 13% a menos em relação ao ano anterior. Esta queda no número geral de conflitos registrados no estado não apresenta uma redução significativa quando olhado para os casos específicos por eixo temático, terra, água e direitos, mesmo tendo tido uma redução no número de registros de conflitos a realidade do campo no Piauí ainda é alarmante.
Intimidação, estupro, ameaças de morte e tentativa de assassinato, essas são algumas das violências causadas pelos conflitos no campo no Piauí. Os agentes causadores destas e outras violências são fazendeiros do agronegócio, grileiros de terra no cerrado e no litoral, empresários e governos municipais.
As categorias que mais sofreram violências foram os indígenas, pescadores, quilombolas, posseiros, assentados e comunidades tradicionais.
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No ano de 2022, os conflitos registrados foram 14 por terra, 03 por água e 22 trabalhistas, envolvendo um total de 784 pessoas, já em 2023, foram registrados 33 conflitos, 15 por terra, 04 por água e 14 conflitos trabalhistas envolvendo um total de 1254 pessoas. Quando comparado os dois anos, observa-se que a redução é mais significativa no que diz respeito aos casos de resgates de trabalho escravo.
Em 2022 foram resgatados do trabalho escravo rural 180 trabalhadores, enquanto que em 2023 foram 150, uma redução de aproximadamente 17%. Essa redução é atribuída à grande visibilidade da temática do trabalho escravo no Piauí que gera uma inibição, entre o setor patronal, aos riscos de serem flagrados pelas fiscalizações que em 2023, tiveram maior alcance no estado, devido ao incentivo do governo federal e das articulações de repressão a este crime.
Apesar desse cenário positivo, o Piauí permanece entre os cinco estados do país que mais resgataram trabalhadores em situação análoga à escravidão. Essa realidade se dá devido à ausência ou ineficácia de políticas públicas voltadas para a educação, trabalho, lazer, agricultura familiar, juventude e reforma agrária, sobretudo na zona rural, onde os casos e trabalho escravo são mais constantes e evidentes.
Diante essa realidade a Comissão Pastoral da Terra no Piauí atua na prevenção ao trabalho escravo, promovendo formações sobre direitos aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e participando ativamente em diversos espaços de incidência política como no Fórum de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo do Piauí, que lançará no dia 13 de maio o Plano estadual de prevenção e combate ao trabalho escravo e a institucionalização da COETRAE – Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo como forma de fortalecer a luta contra esse crime no Piauí e contribuir para a erradicação dessa pratica em todo o país.
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O relatório dos dados de conflitos é produzido anualmente há quase quatro décadas pela CPT, o “Conflitos no Campo Brasil” é uma fonte de pesquisa para universidades, veículos de mídia, agências governamentais e não-governamentais. A publicação é construída principalmente a partir do trabalho de agentes pastorais da CPT, nas equipes regionais que atuam em comunidades rurais por todo o país, além da apuração de denúncias, documentos e notícias, feita pela equipe de documentalistas do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc) ao longo do ano.
Mais informações – comunicacao@cptnacional.org.br
- Teresinha Menezes – (86) 98891- 9100
- Eusébio de Sousa – (89) 98118-0113
- Ir. Nair Lima – (86) 98812-1860