“Um dia acordamos! Decidimos que tínhamos asas para voar!!!” (Quebradeiras de Coco de Miguel Alves (PI)

 Durante quase 20 anos as quebradeiras de coco babaçu de Miguel Alves (PI) trilharam um caminho por maior liberdade, na luta e defesa de novas relações de gênero, do extrativismo sustentável e da economia solidária. Durante esse tempo, elas conquistaram maior expressividade, visibilidade e sonhos de futuro. Com isso, na próxima sexta-feira, 01 de Junho às 9h, mais voo dessa luta será alcançado, duas unidades de beneficiamento do coco babaçu serão inauguradas nas comunidades Retrato/Assentamento Maracá e na Comunidade Riacho do Conrado, ambas no município de Miguel Alves (PI), localizado a 112 quilômetros da capital, Teresina.

A construção das duas novas agroindústrias foi possível através do convenio de cooperação financeira entre a Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco do Município de Miguel Alves (PI) e a Fundação Banco do Brasil firmado em agosto de 2017. Além da construção das casas, as quebradeiras irão adquirir também máquinas e equipamentos para melhorar o modo de produção e ampliar o potencial de sua cadeia produtiva. – “Com este apoio nós vamos ter melhores condições de trabalho e melhorar a produção dos subprodutos do babaçu” declara Alzira de Sales  presidenta da Associação das Mulheres sobre o processamento atual do babaçu nas comunidades que ainda é feita de forma artesanal.

Quebradeiras de Coco Babaçu inauguram duas unidades de beneficiamento em Miguel Alves (PI)

Quebraderas de Coco expondo seus produtos em Feira Agroecologica

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 As quebradeiras de coco de Miguel Alves estão organizadas como Associação desde 2009, fato fortalecedor na caminhada dessas mulheres pela preservação dos babaçuais, pelo manejo sustentável e no trabalho coletivo. A associação conta hoje com 45 mulheres, com idades médias entre 30 e 50 anos. “Através da Associação a gente vem conseguindo conquistar a nossa liberdade, mais conhecimentos e melhores condição de vida” – Relata Maria Alice Quebradeira da Comunidade Riacho do Conrado. Novos saberes e sabores foram incrementados agregando valor ao trabalho e aos produtos aumentando a renda familiar. Hoje, usam seus costumes e conhecimentos da sabedoria popular de modo diferente e de acordo com Alzira Sales, presidenta da associação a entidade possuem três focos de trabalho “… a luta pela preservação dos babaçuais, a questão de gênero, e os princípios da economia solidária” para ela a construção das unidades é uma grande avanço e uma vitória alcançada “O nosso sonho tá virando realidade!”

  A Comissão Pastoral da Terra (CPT-PI), através de seus agentes, desenvolve um trabalho de luta pelo empoderamento das mulheres, com valorização e resgate da autoestima, na construção da equidade de gênero, fortalecimento da economia solidária e a defesa do extrativismo sustentável do babaçu, melhorando a qualidade de vida das famílias.

Como reconhecimento desse trabalho, as unidades serão nomeadas homenageando duas mulheres, Expedita Araújo, que durante muito tempo se dedicou à causa da Terra e principalmente na organização da Associação das Mulheres Quebradeiras de Coco e Dona Paixão (em memória) que foi sempre uma mulher apaixonada pelo coco babaçu e pela luta das mulheres das comunidades daquele município.

 Quebradeiras de Coco Babaçu inauguram duas unidades de beneficiamento em Miguel Alves (PI) Quebradeiras de Coco Babaçu inauguram duas unidades de beneficiamento em Miguel Alves (PI)               

 Placas de identificação das Unidades de Beneficiamento do Coco Babaçu

 

Texto: Teresinha Menezes e Ir Ana Lúcia Corbani          Imagens: CPT PI