Os dados de conflitos no campo do Piauí foram apresentados pela Comissão Pastoral da Terra na noite de ontem da última sexta feira (26), no Centro Guadalupe, em Teresina-PI.
O momento iniciou com uma representação teatral do texto bíblico Lc 7, 11-17, que trata da ressurreição do filho da viúva de Naim, Jesus se compadece da dor dos marginalizados, dos oprimidos e Ele é o único capaz de restabelecer a dignidade, tantas vezes feridas, pelas injustiças do mundo, em seguida, Ir. Nair, membro da coordenação colegiada da CPT no Piauí, deu as boas vindas a todas e todos.
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O caderno de conflitos no Campo é uma forma da CPT de apresentar publicamente as injustiças que acontecem nas regiões mais remotas do país e dar visibilidade as dores sofridas pelos povos do campo.
Estiveram presentes povos e comunidades tradicionais, assentados, indígenas, representantes de instituições e órgão públicas do estado, amigos e amigas da CPT Piauí.
De norte a sul do estado os conflitos apresentam violências coletivas e individuais causadas por grandes empresários, grileiros do agronegócio, fazendeiros e gestores municipais. Os dados foram apresentados por um dos coordenadores da CPT Piauí, Antônio Eusebio, trazendo a reflexão das violações de direitos sofrida pelos povos do campo no Piauí, apresentando a opressão do agronegócio sobre os povos e comunidades tradicionais do cerrado, contra os povos indígenas, e assentados e dos empresários com os pescadores no litoral.
Eusebio também reforçou que o caderno de conflitos é construído de números como denúncia das violações, mas principalmente, das resistências dessas pessoas que trazem o anuncio da boa nova no meio do povo, “é importante destacar os dados em números pra denunciar publicamente as violações de direitos, mas também trazer presente as pessoas, as vidas existentes por traz desses números, que tem suas culturas, suas danças, crenças e modos de vida de homens e mulheres que são, estão, vivem e resistem nesses territórios”.
Como forma de trazer essa manifestação de resistência e anuncio, Maria Almezir, trabalhadora rural assentada do PA Rio Preto, em Bom Jesus-PI, relembra com apesar os conflitos que sofreu, canta a vitória na conquista da terra através da luta coletiva de toda a comunidade. Muito emocionada, Almezir expõe a realidade de conflito que viveu no seu assentamento até poder ter a terra definitiva e afirma o quanto isso é importante para que os trabalhadores rurais possam garantir a permanência dos seus modos de vida.
“Eu não gosto de lembrar porque foi um massacre que fizeram com a gente, mas hoje nós estamos assentados na terra, produzindo arroz, feijão, milho, macaxeira, tudo lá, nós vivemos de lá”.
“Vou fazer a louvação do que deve ser louvado/Meu povo, preste atenção. atenção, atenção! Repare se estou errado, louvando o que bem merece/ Deixo o que é ruim de lado./ E louvo, pra começar da vida o que é bem maior/ Louvo a esperança da gente na vida pra ser melhor/Quem espera sempre alcança três vezes salve a esperança! … /Louvo a casa onde se mora de junto da companheira/Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira/ Louvo a canção que se canta pra chamar a primavera/ Louvo quem canta e não canta porque não sabe cantar/ Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar/ O dia certo e preciso de toda a gente cantar”.
O texto acima destacado é um trecho do poema Louvação, do piauiense Torquato Neto, foi recitado durante o momento, fazendo o convite para todos e todas a louvar e cantar as resistências dos povos e assim, em romaria, seguem para juntos celebrar a vida em ciranda, na certeza de que quando o povo se levanta pra caminhar em romaria e conquistar a terra, estão construindo cidadania.