Texto e imagens CPT Piauí
Expedita foi uma mulher extraordinária que dedicou sua vida a viver o evangelho de Cristo ao lado dos mais pobres, sobretudo, ao lado das mulheres. Atuou com garra e com muito ardor missionário junto às comunidades rurais na defesa dos direitos dos/as lavradoraes/as. Espedita não media esforço para estar junto às comunidades, sendo que muitas vezes já em estado de doença.
A atuação dela na CPT se deu num primeiro período (1988 a 1991) na articulação da CPT Diocesana de Picos. De 1991 a 1996 na CPT Regional, sendo Coordenadora Regional de 1994 a 1996 e a partir de 1996 passou atuar na articulação da CPT Arquidiocesana de Teresina, período esse em que se aposentou, mas mesmo assim continuou trabalhando até suas forças não aguentaram mais.
Foi uma mulher determinada e que defendeu a vida em todas as suas formas. Entre elas:
- • Denunciou o trabalho escravo em grandes empresas no Piauí;
• Contribuiu para criação do Movimento de Trabalhadoras Rurais do Piauí;
• Organizou grupos de mulheres quebradeiras de coco babaçu;
• Contribuiu na criação do MST no Piauí;
• Participou ativamente da luta e conquista da terra ao lado de muitas famílias, sendo criados vários assentamento da Reforma Agrário o Assentamento Laginha/Apolinário, Todos os Santos, Jenipapeiro da Mata, Retrato, Marinho Bandeira em Miguel Alves-PI; Serra do Batista em Valença; Araras e Ararinha em Amarante, Nova Conquista em Monsenhor Gil, entre outros;
• Contribuiu na organização de Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Associações;
• Uma ótima articuladora na mobilização dos/as trabalhadores/as rurais para participação de manifestações, romarias, etc.
Espedita foi e é uma pessoa em que seu legado ficará presente para sempre não só na Igreja, mas também, em outras organizações populares, pois, cultivava sempre o trabalho em parceria.
Nunca esqueço de uma frase do Padre Toni Batista: “A Espedita é muito exigente, quando vejo ela se aproximando de mim, já fico pensando, meu Deus o que a Espedita quer! No entanto, eu me rendo, faço o possível para atendê-la porque sei que ela vai fazer o trabalho bem feito.”
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NOTA DE FALECIMENTO: Espedita Araújo
Espedita, mulher de garra e coragem, viveu intensamente com dedicação e amor ao próximo. Não tinha hora para trabalhar, sol e chuva, dia e noite, esquecia-se até mesmo de comer. Nos ensinou, assim, que luta se faz todos os dias, no campo e na cidade, seja como for. Às vezes se exaltava, brigava. Logo sorria e abraçava, como se nada tivesse acontecido. Era o seu jeito de pedir desculpas.
Espedita carregava na alma, como sangue que corre nas veias, a causa dos pobres. Tinha sede por uma sociedade mais justa e humana. Fazia tudo com muito amor e essa era a sua maior característica. Sempre atenta em reuniões ou atividades, sempre pronta para contribuir. Nem sempre sob os holofotes, mas sempre significativa. Viveu com simplicidade e um jeito discreto de fazer o bem. E quando já não pôde estar presente como tanto gostava, falava com encanto. Se empolgava, estendia a conversa, e por vezes, cansava quem ouvia. Sabia e dizia: “Ah, é o meu jeito de ser!”.
Espedita foi e sempre será, sobretudo, um exemplo. Espedita viverá em cada uma das mulheres e em cada um dos homens por quem lutou; em cada sobrinho, em cada irmã e irmão com quem cultivou fraternidade; em cada amiga e amigo que teve o privilégio de sua companhia.
Tantas vezes sorrimos juntas. Tantas vezes discordamos. Tantas vezes sonhamos com dias melhores e imaginamos um mundo onde a reforma agrária é realidade. Tantas vezes tivemos a certeza de que a vida só tem sentido quando temos a capacidade de continuar acreditando que, através das pequenas coisas, podemos alcançar as grandes…
Como esperança, sonho e amor. Como a certeza de que a luta do povo se faz com o povo e para o povo. É assim que ela permanecerá em nós.
ESPEDITA PRESENTE!